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Indústria de cacau registra queda de 37,4% no recebimento de amêndoas no primeiro semestre de 2024
Condições climáticas adversas e doenças impactam fortemente a produção de cacau no Brasil
11/07/2024 07h51
Por: Carlos Freitas Fonte: Redação
Indústria de cacau registra queda de 37,4% no recebimento de amêndoas no primeiro semestre de 2024/Créditos de imagem Freepik

A indústria processadora de cacau no Brasil recebeu 37,4% menos amêndoas nacionais no primeiro semestre de 2024, totalizando 58,3 mil toneladas, comparadas às 93,3 mil toneladas do mesmo período em 2023. Os dados são do SindiDados – Campos Consultores e foram divulgados pela Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC).

Desde o início de 2024, os recebimentos de amêndoas estão abaixo do esperado. Anna Paula Losi, presidente-executiva da AIPC, explicou que a safra temporã, prevista para começar com um volume mais consistente em abril, foi atrasada devido a questões climáticas. "Fica a expectativa de que, no próximo semestre, as entradas de cacau melhorem."

No segundo trimestre de 2024, houve um recuo de 39,9% no recebimento de amêndoas, de 66.038 toneladas em 2023 para 39.663 toneladas neste ano. A Bahia, responsável por 59% do volume total, entregou 34,5 mil toneladas no primeiro semestre de 2024, uma queda de 32,3% em relação ao mesmo período de 2023.

O Pará, com 36% do volume total, registrou uma queda de quase 46%, passando de 38,7 mil toneladas em 2023 para 21 mil toneladas em 2024. Espírito Santo e Rondônia, com 2 mil e 639 toneladas respectivamente, representaram 4,7% do volume total, uma queda de 19,3% em relação a 2023.

Além das condições climáticas, perdas devido à vassoura-de-bruxa e outras doenças afetaram os principais estados produtores. "Mesmo com investimentos em novas áreas e na melhoria da produtividade, os resultados ainda não são suficientes para superar essas perdas," disse Losi.

Processamento e Comércio de Cacau

A moagem de cacau no Brasil também caiu 9,5% em comparação ao mesmo período de 2023, totalizando 114,3 mil toneladas nos primeiros seis meses de 2024, contra 126,4 mil toneladas em 2023. A escassez de oferta de amêndoas de cacau impacta drasticamente as operações de industrialização.

As importações e exportações de amêndoas de cacau diminuíram 47,7% e 34,9%, respectivamente. Entre janeiro e junho de 2024, foram importadas 22,5 mil toneladas de amêndoas, comparadas a 43 mil toneladas no mesmo período de 2023. A exportação de derivados de cacau permaneceu praticamente estável, com uma leve queda de 24,7 mil toneladas para 22,6 mil toneladas.

Anna Paula Losi atribui a escassez global de cacau ao déficit observado em todos os mercados, incluindo o Brasil.