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Indústria brasileira de suco de laranja registra recorde de receita em 2023/24
Apesar do crescimento nas exportações, setor enfrenta queda na demanda internacional
16/07/2024 08h30
Por: Carlos Freitas Fonte: Redação
Indústria brasileira de suco de laranja registra recorde de receita em 2023/24 /Créditos de imagens Freepik

A indústria brasileira de suco de laranja, responsável por mais de 85% do comércio global da commodity, encerrou a safra 2023/24 (terminada em abril) com a maior receita de exportações da sua história, alcançando US$ 2,5 bilhões em vendas de suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ). Esse valor representa um aumento de 21,3% em relação ao ciclo anterior, impulsionado pelos elevados preços do suco no mercado internacional. Quando considerados os subprodutos, as exportações atingiram US$ 3 bilhões.

Apesar do recorde, a indústria está preocupada com a queda contínua na demanda internacional por suco. Embora a receita tenha crescido, o volume de suco exportado caiu 9,3% no ciclo 2023/24, totalizando 961,3 mil toneladas, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior, compilados pela CitrusBR. A continuidade dos preços internacionais elevados pode agravar essa retração na demanda.

Os contratos de FCOJ, os mais negociados, fecharam a US$ 4,3945 por libra-peso, uma alta de 40,60% desde o início do ano. Dados da consultoria Nielsen mostram que o consumo de suco de laranja nos EUA está em 89,9 milhões de litros por mês, quase metade dos 154,8 milhões de litros durante a pandemia de Covid-19. Na comparação com o mesmo período de 2023, houve uma queda de 21%.

Nos EUA, as exportações brasileiras somaram 315,7 mil toneladas na safra 2023/24, uma queda de 6,07% em relação ao ciclo anterior. Na Europa, as vendas caíram 11,8%, para 504,3 mil toneladas. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o consumo de suco de laranja na Europa recuou 0,23% na safra 2023/24.

Os embarques para o Japão também diminuíram 16%, para 27,7 mil toneladas, enquanto as vendas para a China permaneceram estáveis em 81,8 mil toneladas. A oferta de suco está abaixo da demanda, dificultando o incentivo ao consumo, segundo o executivo da CitrusBR.

A menor disponibilidade de laranja contribuiu para essa oferta restrita. Na safra 2023/24, a produção em São Paulo e no Triângulo Mineiro totalizou 307,2 milhões de caixas de 40,8 quilos, uma queda de 2,2% em relação ao ciclo anterior, marcando a quinta queda consecutiva. O clima seco e a maior incidência do greening, que afetou 38,06% dos pomares, foram os principais fatores para essa redução.

Um relatório da International Fruit and Vegetable Juice Association (IFU) destacou que o suco de laranja está sendo mais utilizado como ingrediente para sucos multivitamínicos do que como produto final. No Brasil, marcas como Natural One começaram a adicionar maçã às bebidas que antes eram exclusivamente de laranja.

Andrés Padilha, especialista do Rabobank, observou que o consumo de suco de laranja, especialmente o FCOJ, vem diminuindo nos EUA há 15 ou 20 anos. Atribuições errôneas do suco ao aumento da obesidade e a proliferação de alternativas como bebidas à base de chá, café e refrigerante zero também contribuíram para essa tendência.

Para o futuro, a indústria espera que a colheita de laranja volte ao nível de 340 milhões de caixas no Brasil, à medida que o combate ao greening avance e as áreas irrigadas aumentem. No entanto, se a demanda permanecer nos níveis atuais, a rentabilidade das empresas pode ser comprometida, representando um desafio significativo para o setor, conforme explicou Ibiapaba Netto.