Economia Economia
Possível Retorno de Trump à Presidência Aumenta Pressão de Baixa nas Cotações de Soja e Milho
Analistas preveem queda nas cotações devido a tensão comercial com a China
17/07/2024 10h00
Por: Carlos Freitas Fonte: Redação
Possível Retorno de Trump à Presidência Aumenta Pressão de Baixa nas Cotações de Soja e Milho/Créditos de imagens Freepik

A possibilidade de Donald Trump retornar à presidência dos Estados Unidos está aumentando a pressão de baixa sobre as cotações internacionais de soja e milho, que já atingiram os menores patamares em quatro anos. Analistas apontam que a volta de Trump pode intensificar a guerra comercial entre EUA e China, reduzindo a demanda pelos grãos americanos.

Neste ano, a soja já registrou uma queda de 20,11% na bolsa de Chicago, enquanto o milho recuou 18,23%, conforme levantamento do Valor Data. A queda está ligada, principalmente, à perspectiva de alta oferta dessas commodities nos Estados Unidos na safra 2024/25.

Com a possível reeleição de Trump, que ganhou força junto ao eleitorado após o atentado de sábado, a expectativa dos analistas é de que as cotações possam cair ainda mais. Em abril de 2018, Trump impôs tarifas de 25% na importação de produtos chineses, um dia após Pequim restringir produtos americanos. Na ocasião, o Brasil preencheu a lacuna deixada pelos americanos nas exportações de soja para a China, cenário que pode se repetir caso Trump vença a eleição e intensifique a guerra comercial com a China.

Luiz Fernando Gutierrez, analista da Safras & Mercado, observa que a demanda chinesa por soja do Brasil aumentou significativamente durante a primeira guerra comercial, e o Brasil pode novamente se beneficiar. Em 2018, o Brasil exportou 83,3 milhões de toneladas de soja, 22% a mais que no ano anterior.

Marcela Marini, analista de grãos e oleaginosas do Rabobank, comenta que a possível volta de Trump ainda não foi precificada pelos investidores em Chicago. Ela ressalta que a participação das exportações dos EUA para a China é muito menor do que há cinco anos, com a China aumentando suas compras do Brasil e da Argentina.

Expectativa de Produção

Independentemente do resultado da eleição nos EUA, a tendência de queda nos preços já é uma realidade devido às perspectivas de produção. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) prevê uma safra de 120,70 milhões de toneladas de soja nos EUA para o ciclo 2024/25, um aumento de 6,5% em relação à temporada anterior, e um crescimento de 26,1% nos estoques finais, para 11,85 milhões de toneladas.

Para o milho, a expectativa é de uma queda de 1,5% na colheita, totalizando 383,56 milhões de toneladas, após uma safra recorde, com estoques de 53,26 milhões de toneladas, 11,7% maiores.

Felipe Kotinda, economista do Santander, aponta que o aumento de 22% nas reservas de soja e milho dos EUA em relação ao ano passado, conforme o relatório de estoques trimestral do USDA, justifica os preços deprimidos atuais. Ele ressalta que, após picos de preço durante a pandemia de covid-19, seria natural uma correção neste momento.

Os analistas também consideram que pode haver uma reversão de tendência caso fenômenos climáticos como o La Niña ou a temporada de furacões afetem negativamente a produção americana, ou se irregularidades climáticas impactarem o plantio da safra 2024/25 no Brasil em setembro.